Enviei esse e-mail no dia 07/02/2006 para a lista de Cicloturismo descrevendo o primeiro trecho da minha viagem, de Curitiba até Porto Alegre. Comento brevemente nessa mesma mensagem o trecho seguinte, de Porto Alegre até Montevideo.
Olá Hila, no começo de 2005 fiz de Curitiba até Montevideo. Estou encaminhando abaixo uma mensagem que enviei para esse grupo há um tempo atrás com o material que tenho da viagem. Espero que possa ser útil. Infelizmente só escrevi sobre o trecho até Porto Alegre, ainda não digitei o restante da viagem (e olha que já faz um ano). Depois de Porto Alegre segui com um amigo (até então estava sozinho) para Pelotas e depois Chui, fomos sempre nesse trecho pelas estradas principais. Em todas foi bastante tranquilo pedalar.
Já no Uruguai seguimos sempre pela a estrada que beira o litoral, você passa por umas praias maravilhosas. Vale a pena! Perto de Montevideo na estrada haviam algumas placas de proibido trânsito de bicicletas, mas ninguém nos incomodou, passamos várias vezes por policiais rodoviários perto das placas e eles não disseram nada. Também tem um site onde coloquei as fotos: http://flickr.com/photos/curitiba_montevideo Se tiver alguma dúvida ou se achar que posso contribuir com algo mais fique a vontade para me escrever. Um grande abraço, Rodrigo.
Celso, seu e-mail me animou para fazer algo que há tempos estava afim que é digitar as anotações da minha viagem. Ai vai um resumo do percurso que fiz, espero que isso possa ser útil para você e para demais pessoas que pretedam fazer esse trecho. Essa foi a minha primeira viagem de bicicleta, achei que o trecho escolhido foi ótimo para uma primeira viagem, durante todo o caminho não senti falta de nada quando precisei, além do planejamento e das coisas que eu estava lavando, toda a minha viagem até Porto Alegre foi por trechos que tinham uma infra-estrutura considerável durante o caminho. Em momento algum fiquei sem um lugar para parar para almoçar em uma sombra em algum posto por exemplo.
Escrevi esse roteiro meio na correria durante a semana, se alguma parte ficou um pouco confusa me dá um toque. Se quiser mais informações sobre alguma outra coisa fique a vontade para me escrever.
Bom, eu fui de São Paulo até Curitiba de ônibus, cheguei no final da madrugada e já fui direto para a BR-277. Vou separar a descrição do roteiro pelos dias:
Ps: o tempo destacado é apenas o tempo que pedalei e não inclui o tempo de paradas durante a pedalada.
1º dia – Como já disse sai de Curitiba pela BR-277 até uma entrada um pouco depois de Alexandra, virando a direita numa rodovia que estou sem o nome aqui que vai para Matinhos (seguindo em frente chega-se em Paranaguá (depois dá para seguir para Matinhos e parece até que o caminho é mais bonito, já que vai pelo litoral, mas também mais longo). Esse trecho de BR-227 foi muito tranquilo, tem um acostamento muito bom o tempo todo e um longo trecho só com descida que é uma delicia. Em Alexandra tem um posto da empresa que privatizou a rodovia para descano dos motoristas, esses lugares são uma delícia para parar e descansar, tem sombra, água fresca e esse até sofa tem : ). Depois de virar a outra rodovia, tive que ficar um pouco mais esperto pois não há acostamento, se bem que para cada lado tem duas pistas e pelo menos no dia que passei tinha muito pouco movimento. Gostei muito de uma placa que vi nessa rodovia escrito para os motoristas tomarem cuidado pois havia um grande fluxo de ciclistas lá. Em Matinhos peguei a balsa para Guaratuba onde dormi numa pousada por R$10. Não conheci quase nada da cidade, só dei um pulo no mar, não gostei muito da praia, muito movimentada para meu gosto.
RESUMO: Curitiba – Guaratuba -> 119km em 4:45min pedalados (fiz em tão pouco tempo por causa do longo trecho de descida) -> a Pousada onde dormi chama Especial, recomendo.
2º dia – Sai umas 8h de Guaraguatatuba por uma estrada pequena que leva até Itapoá, existem alguns trechos sem acostamento e de pista simples mas o movimento de carros não é muito grande e existe um número considerável de bicicletas. Não marquei exatamente a distância, mas um pouco depois de Itapóa começa uma estrada de terra que acaba virando praticamente uma estrada de areia, dá para pedalar, mas pelo que me lembro a velocidade fica muito baixa. No fim do dia parei em Vila da Glória, um vilarejo super pequeno e muito tranquilo, me senti seguro montando a barraca do lado de um bar na beira da praia depois de pedir autorização do dono. Minha idéia era dormir em São Francisco do Sul, mas cheguei depois que o último barco já havia saído (uma observação, de final de semana o número de barcos é bastante reduzido, se não me engano dois por dia).
RESUMO: Guaratuba – Vila da Glória -> 60km em 4:00min pedalados -> mais ou menos 20km de estrada de terra/areia
3º dia – Acordei cedo e peguei o barco para São Francisco do Sul, de lá segui até Araquari, são aproximadamente 25km de asfalto com um acostamento ruim mas que da para rodar. Depois de mais alguns kilometros estava na BR-101, estrada de alta velocidade, nesse trecho o acostamento é de excelente qualidade e da para rodar numa velocidade alta como tem poucas subidas. Fui para somente em Camburiu, lá peguei a Av. Interpraias para relaxar um pouco no litoral e escapar um pouco do movimento da rodovia. Essa avenidade tem 12km de subidas insanas, muito cansativa, não vale a pena encarar ela no final do dia, o pior é que camping só existe na última praia. As praias são todas maravilhosas, não me arrependi nenhum pouco apesar das subidas. Foi um dos trechos mais bonitos da viagem.
RESUMO: São Francisco do Sul – Balneário Camburiu -> 120km em 5:30min -> dormi num camping que fica logo no começo da última praia
4º dia – Sai com a idéia fixa de chegar em Florianópolis, no caminho nada demais, apenas kilometros e mais kilometros de BR-101. Nesse trecho peguei muito vento contra, foi a primeira vez na viagem, senti a diferença que o vento faz e há uns vinte kilometros de Floripa uma chuva muito forte me acompanhou por cerca de uma hora de pedalada. Em Floripa fiquei na casa de uns amigos na Praia da Armação, maravilhosa e calma, tudo o que precisava para descanar. Também é bom falar que a entrada em Floripa de bicicleta é proibida por onde passam os carros, as bikes devem seguir pelo caminho dos pedestres. Vale destacar que grande parte da estrada dentro de Floripa que vai até a praia da Armação é de mão dupla e pista única, tem que ficar super ligado e foi ai que passei um dos maiores sustos da viagem, um ônibus que passou com tudo do meu lado, chegando até a tocar levemente no meu braço. Passei uns três dias por lá.
RESUMO: Balneário Camburiú – Floripa -> 105km em 5:00min
7º dia – da praia onde estava até a saída da ilha são 20km, depois da ponte segui por dentro de São José e depois Palhoça e voltei para a BR-101, a partir desse trecho a rodovia não é mais duplicada (quando passei estavam começando as obras de duplicação) e o acostamento é um pouco pior, reduzindo a velocidade. Nos trechos que tem pontes pequenas é necessário uma atenção redobrada, pois não existe acostamento, em algumas subidas o acostamento vira pista e nesses trechos também é legal ficar ligado, não tive nenhum problema, geralmente apenas os caminhões usam essa pista na subida e quando me avistavam eles desviavam sem problemas pela pista da esquerda. Até Garopaba apareceram as primeiras subidas mais longas e cansativas da viagem. Não fui direto pela BR-101, peguei uma entrada para a Praia do Sonho que desvia alguns kilometros e te joga para alguns trechos de estrada de terra, mas achei que valeu a pena pelas praias que passei, principalmente pela Guarda do Embaú, apesar de um pouco cheia é linda. Da Guarda voltei para a BR e segui direto para Garopaba, a cidade fica uns 15km para dentro da BR. Em Garopaba fiquei cinco dias curtindo as praias da região.
ATUALIZAÇÃO (11/12/2009): plotando no mapa agora meu trajeto descobri que fiz um caminho bem mais longo que o necessário. Segui pelo BR-101 e depois peguei a SC-434 voltando para Garopaba. Poderia ter pego ainda em Paulo Lopes a Estrada Ribeirão Grande – Gamboinha (PLO-020), depois Estrada para Paulo Lopes e finalmente a GRP-010. Certamente um caminho mais bonito, porém desconheço as condições da estrada. É possível inclusive que esse caminho evite a subida da serra antes de Garopaba.
RESUMO: Floripa – Garopaba -> 129km em 6:36min -> fiquei num camping chamado Lagoamar no centro de Garopaba, é bem caro, mesmo com um desconto que consegui por estar viajando de bicicleta : )
12º dia – Saindo de Garopaba segui pela BR-101 até a entrada para Laguna, optei em ir pelo litoral e não por Tubarão. Decisão que se mostrou muito sabia, Laguna é uma cidade interessante com a maior infra-estrutura para receber turistas que vi até então nessa viagem (não estou falando de coisas grandes, mas sim de coisas planejadas para receber o turista, como logo na entrada um posto com guias e informações sobre a cidade e até um pequeno museu). Peguei a balsa para o Farol de Santa Marta, a balsa deixa num lugar maravilhoso e extremamente calmo, dai são mais ou menos 17km até o Farol em estrada de terra. O Farol é simplesmente maravilhoso e as praias perto dele também, imperdível, vale muito. É um dos maiores faróis em atividade do mundo ou algo assim. De lá segui para Jaguaruna, onde dormi. Não fui até as praias dessa cidade, a parte que vi foi uma cidade pequena normal, e meio sem graça (talvez tenha ficado com uma má impressão da cidade por causa da péssima noite que tive lá, durmi numa pousada onde ou deixava a janela aberta e os pernilongos me comiam ou fechava e morria de calor).
RESUMO: Garopaba – Jaguaruna -> 103km em 5:15min -> média 19.7km/h
13º dia – A saída de Jaguaruna são uns 10km de um acostamento bem ruim, cai de novo na BR, nesse trecho são 30km de rodovia sem acostamento. Esse com certeza foi o trecho mais tendo da viagem, sem acostamento pedalei o temp todo olhando no retrovisor, não tive nenhum grande problema mas foi foda, parece que existe a opção de ir pelo litoral por estradas de terra nesse mesmo trecho. A partir de Ararangua o acostamento volta e a calma também. Mais 70km e cheguei em Torres, onde dormi num camping na entrada da cidade, o dia seguinte foi reservado para um descanso e para conhecer as famosas praias de Torres.
RESUMO: Jaguaruna – Torres -> 125km em 5:50min -> média 21.2km/h
14º dia– A partir de Torres abandonei a BR-101 que alias ouvi falar que fica extremamente ruim a partir dai e segui pela Estrada do Mar (RS-389), essa estrada é animal, super plana, um asfalto perfeito e com pouco movimento. Só é legal evitar essa estrada em dias que o pessoal de Porto Alegre esta voltando do litoral, pois não existe acostamento, somente uma segunda faixa meio estreita que em dias calmos os carros praticamente não usam. Fui até Osório onde fiquei na casa do presidente do Clube de Ciclismo de lá por indicação de um amigo de Porto Alegre que conheci aqui na lista. Fui super bem recebido lá, se te interessar posso te passar o contato dele que imagino tera o maior prazer em te dar uma força.
RESUMO: Torres – Osório -> 95km em 4:38h -> média 20.6km/h
15º dia – De Osório saí super cedo acompanhado do meu anfitrião até uma cidade que não me lembro mais o nome (nem anotei) onde encontramos o amigo de Porto Alegre que havia me ajudado a planejar a viagem. O interessante desse encontro é que os dois também não se conheciam pessoalmente, apenas por e-mail. Seguimos até Porto Alegre pela RS-030 que é uma estrada meio chata, cheia de curvas e subidas e descidas que vai beirando a Free Way (BR-290), essa com certeza seria a melhor opção mas infelizmente o trânsito de bikes nela é proibido. Existem relatos de pessoas que não tiveram problemas e de pessoas que tiveram, preferimos não arriscar. Depois da RS-030 entramos em Gravataí, depois Cachoeirinha e finalmente Porto Alegre, fui até a Orla do Guaíba, onde fiquei no Acampamento da Juventude durante o Fórum Social Mundial. A primeira parte da viagem havia acabado, o que me foi muito marcante nesse último é como o tempo passa mais rápido pedalando com outras pessoas, até aquele momento havia pedalado somente sozinho, o que com certeza foi uma experiência maravilhosa mas por outros motivos.
RESUMO: Osário – Porto Alegre -> 119km em 6:10min -> média 19.3km/h
Olá tudo bem! Gostaria de fazer uma viagem de Porto Alegre até Torres-RS com a minha nova magrela uma Caloi-500.
Como foi o transporte da bike no ônibus de São Paulo até Curitiba? Quais problemas você enfrentou nos estabelecimentos, como hotel, campins, pousadas e onde você gardou a bike quando precisou dormir? Se puder me ajudar obrigado ok…
Olá Francisco,
De São Paulo até Curitiba eu fui de Itapemirim e não tive problemas. Mas é bom você tentar entrar em contato com a empresa antes para saber qual é a política deles em relação a transporte de bicicletas (na maioria das vezes eles não tem política alguma infelizmente). Nessa viagem eu não paguei nada, mas no ano passado voltando de Paranaguá, no trecho de Cutiriba até São Paulo tive que pagar uns R$15 e se não me engano também foi com a Itapemirim.
Não tive muitos problemas em relação a local para deixar a bicicleta. Das poucas vezes que dormi em pousadas (duas se não me engano) dormi com a bicicleta no quarto. Em campings sempre perguntava se tinha um local para deixar a bicicleta e se não prendia ela em alguma árvore perto da minha barraca.
Se precisar de mais informação dá um toque. De Porto Alegre até Torres é um pedal bem tranquilo pelo caminho que fiz (pelo menos na época que fui).
Bom dia.
Gostaria de saber qual o tipo de bicicleta que você utilizou, a marca, o tipo de material do quadro, freios de sapata ou disco e, por favor, quais foram as ocorrências que você teve de quebras da bicicleta?
Estou preparando uma viagem de São Paulo a Ushuaia.
Parabéns pela aventura.
Grato.
José Augusto.
Olá José,
Fui com uma mountain bike, uma Caloi Aspen Pro 21v. Quadro de aço e freio comum. Não tive muitos problemas com ela. Só furos na câmara que eram facilmente remendados.
Se tiver mais alguma coisa que possa te ajudar com o planejamento da sua viagem avise.
Boa noite,
Estou preste a fazer essa trip, eu e mais duas amigas.
Quero saber, o que vc indica pra levar nos alforges.
Tendo em vista sua experiencia, pergunto o que levou e nao utilizou, e o que levaria que na viagem vc precisou muito.?
Grata.
Nayara
Oi Nayara,
Acredito que não exista uma resposta genérica para sua pergunta.
Existem vários tipos de cicloturistas. Tem aqueles que preferem ficar em pousadas e pagar por todas as refeições. Outros já preferem levar barraca, fogareiro e comida no alforge.
Eu prefiro a segunda opção.
Boas!
Como vai?
Primeiramente, um bom ano novo aí!
Bom, eu busco ajuda urgente para o seguinte: no meio desse ano eu saio do litoral paulista de bicicleta para chegar ao Uruguay. Porém ainda não tenho informações sobre quem já fez esse trajeto pela costa e se ele é possível. Pode me dar uns toques ou passar algum contato que me auxilie com essa rota?…
Valeeu
Você viu o mapa da viagem que fiz? Tem alguma dúvida mais específica?
Oi Rodrigo,
Gostaria de pedalar de Montevideo a Colonia del sacramento, para depois pegar o ferry para buenos aires. Gostaria de saber se a rodovia beira mar eh tranquila para bikes e se eh facil encontrar cidadezinhas para se hospedar no meio do caminho.
Agradeço. Abs
Oi Rebecca,
Não conheço o caminho de Montevideo até Colonia del Sacramento.
Adorei a sua viagem! Parabéns!!! 🙂
Ola Rodrigo, parabenizo pela bela aventura.
A sua experiência muito nos ajudará, pois estou fazendo
a volta do Brasil pelo litoral, ( Chui ao Oiopoque), querendo
acompanhar acesse: 1500 praias de bicicleta. Grato.
Olá Rodrigo, parabéns pela viagem, deve ser muito show. Pretendo sair aqui de Nova Trento-SC até Montevidéu em dezembro de 2015 e estou à procura de companhia. Se souber de alguém me dá um toque. Fica com Deus.
Você fez muitos trechos de mais de 100 kms por dia. Está em ótima forma. Consigo no máximo uns 70 km por dia.