A Cachoeira dos Mineiros em Angatuba (SP) conta com seis vias e duas variantes. As maiores tem cerca de 12 metros. As vias foram abertas por Michel Abdelnur, Rafael Antunes e Paulo Moretti, três escaladores da cidade.
Segue abaixo o croqui feito pelo Michel (publicado originalmente neste post no Facebook):
No mapa abaixo é possível ver a localização da cachoeira. A partir do centro de Angatuba são cerca de 30 minutos de bicicleta ou então 15 minutos de carro até a parte alta da cachoeira onde tem um pequeno lago e local para estacionar. As vias ficam na parte de baixo, sendo possível acessá-las caminhando cerca de cinco minutos por uma trilha fácil ou então por um acesso mais rápido descendo uns blocos de pedra. O local é uma propriedade privada mas não é necessário pagar para entrar.
Neste link aqui é possível ver algumas fotos das vias e no vídeo abaixo Michel escalando a via “Tamanho não é documento”. Tanto as fotos quanto o vídeo foram feitos pelo próprio Michel.
O vulcão Osorno fica próximo a cidade de Puerto Varas no Chile. A aproximação é muito fácil e rápida. Com “apenas” 2652m de altitude, chega-se de carro no local do primeiro e único acampamento, por uma estrada asfaltada e boa. É possível inclusive pular o pernoite, chegar de madrugada e já começar a ascensão. Além disso, a caminhada em si é rápida, em torno de sete horas ida e volta. Por outro lado, é uma montanha um pouco técnica. Sua ascensão inclui caminhada por glaciar e superar um pendente de neve e gelo de uns 50 graus.
Prelúdio
No começo de fevereiro, fiz, na companhia do Xuxa e da Carmen, um curso de escalada em gelo e travessia de glaciar (organizado pelas empresas Andes Ascenciones e Marumby) em Bariloche. Após nove dias de aulas práticas e teóricas queríamos ir para uma montanha onde pudéssemos aplicar o que havíamos aprendido. Daí que surgiu a idéia de ir para o Osorno, por sugestão dos instrutores do curso.
Em Bariloche, alugamos um carro e fomos para Ensenada, uma vila de Puerto Varas, cidade no lado chileno da Cordilheira dos Andes, ponto mais próximo do vulcão. Planejamos chegar no primeiro dia até a base, dormir uma noite e no dia seguinte subir. Porém, o tempo não colaborou. Das seis horas de viagem de carro, as últimas quatro foram sob chuva forte. Chegamos tarde em Puerto Varas e optamos por adiar em um dia a viagem.
Dormimos na cidade e no dia seguinte, debaixo de chuva, fomos até a base do vulcão (a estrada é de asfalto e está em boas condições). Lá existe um posto do CONAF (onde é necessário se registrar) e pelo menos dois refúgios. Um deles, mais movimentado, está sempre cheio de turistas que sobem durante o dia para apreciar a vista do lago Llanquihue e andar de telesilla (espécie de teleférico comum em centros de ski, não sei a palavra em português). Nos dois refúgios é possível conseguir comida e lugar para dormir.
A chuva seguia forte, ventava muito e uma nevoa reduzia a visibilidade para uns vinte metros. Do refúgio, famoso mirador do Osorno e do lago, não dava para ver absolutamente nada e a previsão do tempo para o dia seguinte era a mesma. Não podíamos esperar mais que um dia, pois a Carmen precisava voltar para Bariloche para seguir de ônibus até Buenos Aires, de onde ela ia tomar um avião de volta para o Canadá. O vulcão não queria visitas, voltamos para Bariloche sem nem sequer ver-lo.
A volta
Depois de alguns dias em Bariloche, eu e o Xuxa, decidimos tentar uma segunda vez, dessa vez de ônibus. Fomos para Puerto Montt e lá pegamos outro ônibus direto para Ensenada. Uma opção melhor é sair de Bariloche direto para Puerto Varas e de lá pegar um ônibus para Ensenada. Tanto de Puerto Montt como de Puerto Varas existe serviço regular para Ensenada, a vantagem é que de Puerto Varas, por ser mais próximo, a frequência é muito maior. Em Ensenada, contratamos uma pessoa (contato no fim desse post) para nos levar de carro até a base do CONAF no final da estrada que sobe a encosta do vulcão. Com um pouco de paciência é possível subir de carona, o fluxo de carros nessa estrada é grande, a maioria turistas.
Nessa segunda tentativa, podíamos ver o vulcão desde a estrada que leva para Puerto Montt, do outro lado do lago Llanquihue. Nada de nuvens e tempo perfeito. No CONAF fomos recebidos pelo guardaparque Iván, com quem já havíamos conversado há poucos dias atrás na primeira vez que estivemos na região. O Iván é uma pessoa atenciosa e disposta a ajudar. Preenchemos um formulário onde, além de colocar um resumo do nosso plano de subida, tivemos que marcar o equipamento que possuíamos. Dos itens solicitados pelo parque não tínhamos apenas um rádio VHF, mas não houve problema.
Além de ser possível, como já comentei acima, chegar de madrugada e subir o vulcão, quem optar por dormir uma noite tem algumas opções. Próximo ao CONAF existem dois refúgios, sendo que o refúgio Teski foi o que me pareceu mais aconchegante e tranquilo. Os serviços variam desde um local para dormir com seu próprio saco (9000 pesos no Teski) até quartos com café da manhã incluso. Quem preferir pode caminhar por cerca de duas horas e acampar num local chamado La Hoya. Essa não nos pareceu uma boa opção, primeiro porque implica em caminhar com o mochilão para encurtar apenas duas horas de uma subida que já é curta, além disso não existe água no local, é necessário derreter neve. Nós optamos por acampar ao lado da casa do CONAF. Apenas andinistas podem dormir nesse local e somente por uma noite. O maior incoveniente é que o parque solicita que a barraca seja desmontada antes de começar a ascensão.
No dia seguinte, acordamos cedo, tomamos café, guardamos as coisas e as 5h começamos a caminhada. Sabíamos mais ou menos a direção que deveríamos seguir, mas no escuro não encontramos a trilha exata. Em alguns momentos tivemos que subir pendentes maiores que o necessário até encontrar com o final da segunda telesilla. Talvez uma opção melhor seja começar a caminhar acompanhando as telesillas desde o seu começo que fica na direção leste do posto do CONAF. Até esse ponto demoramos uma hora e dez minutos. Então, contornamos um neveiro pela esquerda (pela direita havia uma trilha curta e bem marcada que leva até um mirador do vulcão) e seguimos por uma trilha também marcada que termina no início no glaciar, onde nos encordamos. Desde o nosso acampamento até o começo do glaciar seguimos predominantemente para nordeste. Do glaciar até o cume seguimos predominantemente para leste, isso implica em, no começo do glaciar, caminhar um pouco para a esquerda até encontrar com um filo e seguir por ele até o final. Para se localizar no glaciar, o mais importante é identificar a Ilha de Pedra, uma formação rochosa no meio do gelo que pode ser vista desde o CONAF, e se manter sempre a esquerda dela.
O glaciar estava tapado, vimos pouquíssimas gretas abertas e a neve estava bem consistente, o que facilitou nossa ascensão. Apenas a última parte da subida que é um pouco mais complicada, uma pendente de uns 50 graus. Cada um estava com um piolet de travessia e nessa parte final utilizamos a maior parte do tempo com a técnica do piolet apoio. Não é necessário levar piolets técnicos. Quando mais próximo do fim da subida, mais inclinado fica. Nesse pedaço algumas pessoas optam por escalar com corda colocando algumas ancoragens na neve. Levamos cinco horas e dez minutos desde a saída do acampamento até o cume do vulcão.
O cansaço da subida é recompensado pela maravilhosa visão do topo do vulcão. Impressiona o lago Todos Los Santos, que fica do lado oposto ao Llanquihue, com o Tronador no fundo e num dos cantos o vulcão Puntiagudo. Também é possível ver o Villarica e o Lanín, muitas outras montanhas e, atras do Llanquihue, o oceano Pacífico. A cratera do vulcão é completamente coberta pelo glaciar. Depois de um tempo descansando e comendo no topo, saímos em busca de uma caverna de gelo na face norte do vulcão. Essa caverna é um buraco no glaciar na forma de um cilindro de uns três ou quatro metros de diâmetro e uns bons metros de profundidade. No fundo é possível observar a parte rochosa do vulcão. Infelizmente, só depois que descemos descobrimos que é possível rapelar para dentro da caverna e caminhar no vão entre a rocha e o glaciar até uma outra saída na face leste. Não tenho a menor idéia como uma entrada cilindrica dessas pode ter se formado, gostaria muito de saber.
Depois de duas horas, entre o tempo parado no topo e a caminhada até a caverna, começamos a descer pouco depois do meio dia. Optamos por um caminho à esquerda da linha por onde subimos, seguindo algumas pegadas, na esperança de que fosse um pouco menos inclinado. O começo de fato era, mas a ilusão durou pouco. Acabamos descendo por uma parte aparentemente mais inclinada do que a nossa subida. O trecho inicial, como tínhamos que caminhar devagar, cravando bem o crampon, foi tão cansativo quanto a subida. Talvez nesse pedaço montar um rapel, além de mais seguro, seja inclusive mais rápido.
Passado esse trecho inicial, o restante da descida, tanto o trecho final do glaciar quanto as morenas até o refúgio, é bem tranquilo. Levamos 2:30h para descer, totalizando 9:45h minutos desde o momento que saímos do acampamento.
No estacionamento do refúgio mais movimentado, o Iván nos ajudou a conseguir uma carona para voltar para Ensenada. Nunca foi tão fácil pegar uma carona. Ele parava todos os carros que estavam descendo e perguntava se podiam nos levar. O terceiro carro que passou topou. De Ensenada seguimos de ônibus para Puerto Montt e depois Santiago, de onde voltamos para São Paulo.
Transporte de Ensenada para o início da trilha do Osorno
Rudy Plagemann
rplagemann@gmail.com
Celular: (09) 6956667
Casa: (065) 212070
Cobrou 20.000 pesos chilenos para nos levar e disse que faria ida e volta por 30.000 pesos
Guardaparque do CONAF no Osorno Iván Barría Castro
ivanvolcanosorno@gmail.com
Celular: (09) 4038044
Mapas livres da Argentina e Chile para GPS (incluindo estrada de acesso ao começo da trilha do Osorno) http://www.proyectomapear.com.ar/