In this post I will explain how to run phpt tests with PHPUnit.
For my GSOC project I will use (and contribute to) the PEAR package Text_Wiki (more about my contributions on this package on another post). This package use phpt tests for unit testing. I’m not familiar with phpt tests as I’m with PHPUnit and phpt tests didn’t give me a good impression (its difficult to understand feedback and its syntax mixing PHP code and plain text statements lead to improper syntax highlighting in Emacs :-D).
So I proposed the main developer of Text_Wiki to switch to PHPUnit. He had no objections if I were able to provide a solution that made possible to run the old phpt tests with the new PHPUnit tests at the same time.
I found that there is a PHPUnit extension that does exactly what I was looking for. As I wasn’t able to find a tutorial explaining how to use it, I decided to write this post to share the way I used that extension.
I’m using version 3.3.17 of PHPUnit and it came with two phpt related extensions located in the directory PHPUnit/Extensions (if you use Ubuntu as I do the full path will probably be /usr/share/php/PHPUnit/Extensions): PhptTestCase.php and PhptTestSuite.php
The first one implements the class PHPUnit_Extensions_PhptTestCase. The constructor of this class receive as a parameter the path to a single phpt file. I did not use this one.
The other file implements the class PHPUnit_Extensions_PhptTestSuite. You can instantiate this class in your test script passing as the first parameter the root directory where your phpt files are located. The constructor of the class will recursively look for all files with the extension .phpt.
On the link below you can view the code I used to integrate the old Text_Wiki phpt tests with the new PHPUnit classes I’m writing:
O Davi Marski publicou um vídeo interessante sobre equipamentos para escalada em alta montanha. Além do vídeo, no post, ele cita alguns livros fundamentais para praticantes desse esporte.
O “Mountaineering: Freedom of the Hills” eu tenho (em espanhol: “Montañismo: La Libertad de las Cimas”) e já li, o Extreme Alpinism peguei emprestado há muito tempo atrás, seria legal ler de novo. Os outros que ele cita não conhecia. Fiquei com vontade de ler o “Escalada en nieve y hielo”, infelizmente não encontrei no Better World Books.
Há algumas semanas atrás saiu a lista de projetos aprovados para o GSOC 2009 (Google Summer of Code) e meu projeto de implementar um importador de MediaWiki e phpBB para Tikiwiki foi aceito.
Hoje foi o primeiro dia de trabalho, entrei em contato com o Nelson Ko (o mentor do meu projeto) e definimos alguns objetivos para essa primeira semana. Vou pesquisar alguns importadores feitos anteriormente pela comunidade do Tikiwiki e que nunca foram finalizados bem como outros scripts para importar o MediaWiki para outros softwares. Além disso pretendo dar uma olhada na documentação da sintaxe do MediaWiki (a idéia é começar por esse software e deixar o phpBB para uma segunda fase).
Para o fim da semana pretendo ter uma avaliação das implentações existentes para ter uma idéia do caminho que o software que vou criar vai seguir. E também ter uma tabela comparativa entre a sintaxe do MediaWiki e do Tikiwiki indicando quais sintaxes serão fáceis de suportar, quais serão difíceis e quais não serão suportadas.
Pretendo publicar de vez em quando algumas atualizações aqui no blog sobre esse projeto, quem quiser acompanhá-lo de perto pode monitar a página wiki usada para documentação.
A few weeks ago Google released the list of approved projects to GSOC 2009 (Google Summer of Code) and my project (a script to import MediaWiki or phpBB content to Tikiwiki) was accepted.
Today was my first GSOC working day. I talked with Nelson Ko (my mentor for this project) through Skype (he lives in Canada and I in Brazil) and we decided the goals for this first week. I’ll research some old importers made by the Tikiwiki community and some scripts to import MediaWiki content to other software. I am also going to read the syntax documentation of MediaWiki (the plan is to start with MediaWiki and leave phpBB to a second stage).
By the end of the week I intend to perform an evaluation of the old scripts to start planning my implementation and I will produce a comparative table of TikiWiki and MediaWiki syntax to define what is simple to import, what is difficult and what is not going to be imported.
Occasionally I plan to update this blog with news about the GSOC. If you are interested in the project I suggest that you monitor the wiki page used to document my progress.
Atualização (21/12/2010): Não utilizo mais o TinyMCE Advanced pois simplesmente mudando para o modo de edição HTML e apertando enter consigo gerar uma quebra de linha. Não sei se isso já existia no WordPress antes e eu nunca reparei ou se é algo de alguma versão recente.
Atualização (15/10/2009): o Rafael Biriba deixou um comentário falando do PS Disable Auto Formatting, um outro plugin do WordPress que também server para impedir a remoção automática das tags “br” e “p”.
Mais de uma vez quis formatar o texto de um post do WordPress usando algumas quebras de linha (enter) para separar dois blocos de texto ou então um bloco de texto de uma imagem. Porém, por padrão o editor do WordPress, o TinyMCE, remove qualquer tag “br” ou “p” que ele considere que esteja “sobrando”.
Talvez exista uma forma mais inteligente de se fazer isso sem usar quebra de linha, porém eu desconheço e já perdi um bom tempo tentando enganar o editor.
Ontem, encontrei o TinyMCE Advanced um plugin que tem uma opção para que as tags “br ”
e “p” não sejam removidas e além disso permite customizar os itens que aparecem na barra de edição. Abaixo um screenshot de parte da tela de administração:
Uma das demandas do portal eletrocooperativa.org.br (um dos projetos desenvolvidos pelo Hacklab neste semestre) é a moderação dos usuários que se registram no site. Como esse recurso não existe no core do WordPress, saímos em busca de um plugin.
O Leo encontrou no diretório de plugins do WordPress (http://wordpress.org/extend/plugins/) o New User Approve, uma extensão simples que faz exatamente o que precisávamos. Durante o desenvolvimento encontramos dois problemas na versão atual (1.0):
Se um usuário é criado pelo administrador e não pelo formulário de registro, ele aparece na listagem de usuários para moderação e se o administrador aprová-lo sua senha será alterada.
Com o plugin habilitado, o formulário de registro sempre mostra uma mensagem de usuário criado com sucesso mesmo quando ocorreram erros (como por exemplo nome de usuário já existente ou senhas não conferem).
Fizemos dois patches para corrigir esses erros e enviamos para o desenvolvedor do plugin. Essa é a melhor parte do software livre 🙂
Ele agradeceu mas infelizmente ainda não teve tempo para incorporar as mudanças no código e lançar uma nova versão. Acredito que o fará em breve.
Se alguém precisar da mesma funcionalidade e quiser utilizar o plugin com as correções, o patch está disponível neste link (mais detalhes podem ser vistos nos comentários que fiz na página do próprio plugin).
Atualização (em 22/04/2009): foi lançada uma nova versão (1.1) do plugin que incorpora os patches que enviei, basta baixá-la aqui.
Um dia antes de saírmos para o Cerro Plata, chegou no albergue onde estamos hospedados um casal voltando do cume do Aconcaguá. O cara tinha a ponta de todos os dedos com princípio de congelamento (pontas inchadas e cor roxo escuro) e a mulher não conseguia andar direito pois um dos pés também tinha congelado.
Obviamente essa imagem mexeu bastante comigo. Estávamos prestes a tentar uma coisa muito parecida (tudo bem que o Cerro Plata é muito mais fácil que o Aconcaguá, até por isso que escolhemos o primeiro e não o segundo) e tinha certeza de que não queria voltar como eles voltaram. Eles chegaram ao cume. Apesar do pouco tempo que conversamos fiquei com a impressão de que estavam felizes. O sacrificio valeu a pena por terem chegado ao lugar mais alto do mundo fora do Himalaia. Eu não penso assim e gosto muito dos meus dedos.
De Mendoza pegamos um transporte que nos deixou na estação Ski e Montaña, o transporte é organizado pelo próprio pessoal da estação. Chegamos de carro a 2900m de altitude, começamos a caminhar e cada passo implicava em estar o mais alto que já estivemos em toda nossa vida. As mochilas estavam bastante pesadas com comida para oito dias e mais equipamentos para frio, alguma coisa em torno de trinta ou trinta e cinco quilos. Apesar de ser aproximadamente o mesmo que levávamos no circuito grande do Torres del Paine a altitude fazia com que tudo fosse mais difícil e devagar.
Dormimos a primeira noite no acampamento Veguitas, cerca de uma hora de caminhada depois da estação de ski. No dia seguinte partimos para tentar o cume do San Bernardo uma montanha de 4200m para começar a aclimatação. Não tínhamos idéia do que esperar duma montanha nessa altitude e saímos com as mochilas de ataque cheia de casacos que não chegamos a usar.
O dia seguinte foi marcado por uma lenta e difícil caminhada até o acampamento Salto de água (4200m). Dessa vez deu para sentir de verdade a dificuldade de se caminhar em altura, cada passo precisa ser acompanhado de uma respiração mais profunda e ainda sim sempre fica a sensação de que não há ar suficiente. No acampamento há um domo da Ski e Montaña que oferece uma série de serviços para quem estiver afim de gastar uma grana a mais. É possível contratar mulas para subir e baixar cargas, comprar refeições ou mesmo mantimentos. Além do funcionário da empresa, haviam mais duas barracas. Uma de um uruguaio e outra de um brasileiro que estava aclimatando para tentar o Ojos del Salado (http://www.rosier.com.br).
O dia seguinte foi dedicado ao ócio para o corpo se acostumar a altura. Até esse momento estava feliz por não ter sentido nenhum sinal da altitude, nem dor de cabeça, nem enjôo, nem dificuldade para comer. Comecei a viver a ilusão de que iria chegar aos 6100m do Cerro Plata e voltar sem qualquer incômodo. Combinamos com o brasileiro de irmos no dia seguinte até o Portuzuelo Plata-Vallecitos (5100m) para aclimatar e também já conhecer parte do caminho que faríamos no dia que tentássemos o cume.
Partimos para o portozuelo por volta das nove horas da manhã junto com o brasileiro Rosier e mais dois mendocinos que estavam num acampamento um pouco abaixo, o Piedra Grande. Um deles ia tentar o cume do Vallecitos e o outro, também Rodrigo de apenas 16 anos, ia até o portozuelo, pois seu pai, montanhista pioneiro na região, não deixava ele chegar mais alto com essa idade. Os dois nativos não paravam de comentar como um tempo limpo e sem vento como o daquele dia era um milagre.
Pouco antes de chegarmos ao nosso objetivo a ilusão de voltar da expedição sem qualquer problema em função da altitude acabou. Minha cabeça começou a doer e o incômodo, alguma coisa do tipo “parem o mundo que eu quero descer”, só foi acabar algumas horas depois quando já havíamos voltado para as barracas.
A caminhada até o portozuelo foi extremamente cansativa em função da altitude, mas sem nenhuma dificuldade técnica. Fazia algum tempo que não nevava e por isso os trechos de gelo eram minúsculos. Na chegada fiquei abismado com a visão, que segundo algumas pessoas que estavam no Salto de Água é considerada mais bonita que a do próprio Aconcaguá. Do Portozuelo Plata-Vallecitos é possível ver a face sul do Aconcaguá e o Cordón de la Jaula, uma formação de rocha impressionante. São nesses momentos que encontro o sentido de fazer tudo isso, de investir tanto tempo nessa atividade, e ainda assim não consigo colocar em palavras. É uma sensação.
O restante desse dia e do dia seguinte foram novamente dedicados ao ócio. Nos momentos de descanso dedicamos bastante tempo para cozinhar. Apesar do peso extra que isso representa, gostamos de comer comidas gostosas. Nada como um arroz integral com lentilha e algum legume para renovar as energias.
Cada minuto do dia de descanso passou muito devagar, o dia seguinte era o tão esperado dia de tentar o cume do Cerro Plata. Já havíamos terminado de ler por completo a revista e o livro que havíamos levado (isso sem mencionar as embalagens de todos os alimentos que tínhamos). A ansiedade também era grande pois não tínhamos muita idéia do que nos esperava depois do portuzuelo. Não tínhamos botas plásticas e todo mundo falava que era necessário. Não tínhamos mintones e todo mundo falava que era bom ter. No final da tarde NEVE!!! Genial!!! Tudo branco!!!
Fomos dormir com a incerteza de sair para atacar o cume ou não em função da melhora do tempo durante a noite. As três e meia da madrugada acordei com o Xuxa me chamando, ou seja, ferozmente balançando minha barraca fazendo muito barulho (não acordo de outra forma). O tempo parecia bom e tudo estava pronto. Era tomar café da manhã e partir. Saímos do acampamento por volta das cinco junto com um outro grupo guiado que ia tentar o cume do Vallecitos e mais duas pessoas que, como nós estavam por conta própria. Na luz da lanterna de cabeça seguimos os totens e os passos dos dois que estavam a nossa frente. O início do caminho foi relativamente tranqüilo, não fazia muito frio, não ventava e estávamos nos sentindo bem.
Conforme ganhamos altitude e o nascer do dia foi se aproximando, o frio aumentou significativamente. Como era de se esperar os pés e as mãos eram os que mais sentiam. Paramos por duas vezes para colocar mais luvas ou casacos. Paramos mais uma vez para tomar chá que estava nas garrafas térmicas pois a água dos cantis congelou. Segundo um dos dois caras que caminhavam na frente com a gente fazia alguma coisa em torno de seis graus negativos. Quando já podíamos ver uma linha de claridade no horizonte começou a ventar e o frio aumentou. Tive a desagradável sensação de perder a sensibilidade da ponta de todos os dedos da mão, o meu pé estava bem. O Xuxa, por sua vez, sentia muito frio apenas nos pés. Inevitavelmente lembrei do casal que havia feito o cume do Aconcaguá. Não tinha a menor idéia de quão longe meus dedos estavam de ficar iguais aos dedos daquele cara. Medo.
No Portozuelo Plata-Lomas Amarillas (um pouco abaixo do Portozuelo Plata-Vallecitos), decidimos que o melhor era descer e desistir do cume. Poucos minutos depois, ainda próximo do lugar mais alto que havíamos chegado naquele dia, o Sol deu as caras e o frio diminuiu bastante. A chance de voltar a subir e tentar o cume era clara. Optamos por não segui-la. Era possível que desse tudo certo e fôssemos até o Cerro Plata, mas se o tempo ficasse feio no meio do dia era bem possível que tivéssemos problemas. Não estava afim de apostar que o tempo ia ficar bom e arriscar perder de novo a sensibilidade dos dedos.
Um pouco mais para baixo, já com o Sol alto e sem frio nenhum começamos a brincar com a neve que cobria todo o caminho que dois dias atrás era somente rocha. Muitas fotos e guerra com bolas de neve. Chegamos no acampamento depois de parar muitas vezes para tirar as camadas de casacos e ainda assim estávamos com calor.
Comecei a conversar com um mendocino que já havia feito o Plata numa outra temporada e estava lá agora para tentar o Vallecitos. Expliquei porque havíamos desistido do cume e ele me disse que em alta montanha “lo más importante son los veinte” (dedos). Desde então essa frase não sai mais da minha cabeça, acho que vou adotar como lema pessoal em relação ao montanhismo.
Desmontamos as barracas e descemos para a estação de ski no mesmo dia, de onde pegamos o transporte para Mendoza. Já no albergue encontramos com o casal do Aconcaguá, a menina estava bem melhor, já conseguia caminhar. O cara tinha bandagens com um pouco de sangue em nove dos dez dedos da mão. Ainda não tive (e acho que não vou ter) coragem de perguntar o que aconteceu e como ele está.
Se possível ano que vem (ou em outro momento) volto para Mendoza para tentar mais uma vez o Cerro Plata. Escolhemos esse cerro como primeira experiência em alta montanha pois nos disseram que seria uma boa escola, um bom lugar para começar. Certamente aprendi muito e já estou contando os dias para voltar e aprender mais (e me divertir). Nos próximos dias, se me animar, devo fazer um post com algumas informações mais detalhada que podem servir para quem quiser tentar alguma coisa parecida no Cerro Plata.
é impressionante (e preocupante) o número de pessoas de outros países que conhecem as novelas brasileiras e as músicas da Xuxa.
conhecemos três israelenses em Pucón que sabian cantar “Ilari, lariê, O, o, o”.
umas chilenas de Punta Arenas (uma das cidades mais ao Sul do Chile), que amavam as novelas brasileiras, nos perguntaram se em nosso país todas as pessoas eram bonitas como as que aparecem na televisão.
MUITA gente viu “Cidade de Deus” e perguntam se todas as crianças de São Paulo e do Rio de Janeiro andam armadas na rua.
já decidi o que vou fazer da vida quando voltar ao Brasil: convencer um louco nacionalista do alto comando do exército brasileiro (“Ordem e progresso”) de que a Rede Globo denigre a imagem de nossa bela nação (tá, não precisei viajar para o exterior e viver os fatos listados acima para saber disso) para que ele coordene um ataque fulminante a nossa principal emissora
Fatos de relevância pessoal:
amanhã saímos de Mendoza e vamos para o Cerro Plata (6100m). Expectativa alta, nossa primeira experiência em alta montanha.
estamos num albergue gostoso, pessoas simpáticas, sem grandes agitos e, o mais importante, um tabuleiro de xadrez.
não sei porque as pessoas (eu) querem estar na montanha, só sei que é bom.
mães (e também pais) ficam bem preocupados quando os filhos vão para um lugar onde eles nunca estiveram e então não sabem muito bem o que esperar.
Em poucas palavras: uma cidade com menos de mil habitantes, dois campings gratuitos, ao pé do Fitz Roy e Cerro Torre (duas paredes cobiçadas por escaladores do mundo inteiro) e perto de um dos maiores campos de gelo da Terra. Se não fosse o Xuxa lembrar que não temos dinheiro para viajar para sempre e que ainda queremos ir para Mendoza, acho que ficaria por lá até o fim da temporada.
No entorno da cidade existe uma diversidade enorme de trilhas a serem exploradas, desde caminhadas de apenas um dia à expedições de cerca de um mês. As duas trilhas mais percorridas (e também duas das mais fáceis) sejam a da Laguna Torre, mirador do Cerro Torre, e a da Laguna de Los Três, mirador do Fitz Roy. Ambos são caminhadas muito bem demarcadas de exigência fìsica baixa.
Fizemos as duas, a da Laguna de Los Três fizemos de madrugada, saímos do acampamento à 1h e chegamos no mirador às 5h. O percurso iluminado pela lua cheia foi fantástico e no topo pudemos presenciar por volta das 7h o nascer do Sol, quando por alguns minutos o Fitz Roy fica vermelho (fotos no post do Xuxa). De lá emendamos outra trilha e fomos para o Rio Elétrico subir o mirador do Glaciar Pollone, porém estávamos sem dinheiro e nos esquecemos que o mirador fica dentro de uma propriedade privada onde os donos cobram uma taxa pela entrada. Além disso, tínhamos que voltar para a estrada para pegar no começo da noite o ônibus que nos levou de volta para a El Chaltén.
Depois que o Rafa e Mayra foram embora, eu e o Xuxa nos preparamos junto com um casal de australianos para fazer a Volta do Cerro Huemul, uma trilha de quatro dias de onde é possível avistar o Campo de Hielo Continental Sur. Porém com cerca de quarenta minutos de caminhada no primeiro dia, o Xuxa começou a sentir dores muito fortes no estômago e tivemos que voltar. Estamos aguardando que os australianos nos enviem as fotos dessa caminhada.
Também nos interessou muito uma trilha que inclui um dia inteiro caminhando no gelo do Campo de Hielo Continental Sur desde o Paso Marconi até o Paso del Viento. Essa vai ficar para uma outra viagem, até porque exige equipamentos e conhecimentos de gelo que ainda não temos.
Cada um dos acampamentos gratuitos fica numa das extremidades da cidade. Dormimos a maioria das noites no Madsen que concentra o maior número de pessoas e consequentemente mais barulho. Depois da tentativa de fazer a Volta do Cerro Huemul passamos duas noites no Confluência que é muito menor, ocupado principalmente por quem viaja de trailer ou motor-home e que tem muito mais sombra. Além disso, desse acampamento é possível ver o Cerro Torre e o Fitz Roy. A escolha fica a gosto do freguês.
Com o passar do tempo descobri que Chaltén não é o lugar perfeito, apesar de muito bom. Na cidade não existe caixa eletrônico, quanto menos banco, e nosso dinheiro começou a acabar (alguns lugares aceitam cartão de crédito, mas de qualquer forma é bom ir prevenido com quase toda a grana que pretende gastar em mão); praticamente tudo é mais caro, além da oferta ser menor, do que nas cidades maiores da Argentina (é uma boa levar um bom estoque de comida, El Calafate é a cidade mais próxima com uma boa oferta de produtos); devido ao excesso de calor na época que estivemos por lá, uma alga se proliferou na água fazendo com que muitas pessoas ficassem mal do estômago (tínhamos hidrosteril mas não usamos por vacilo) incluindo a Mayra, Rafa e Xuxa (provavelmente foi por causa dessa alga que ele se sentiu mal no começo da trilha do Huemul). A junção desses fatores fez com que partíssemos do que para mim é um quase paraíso perdido.
Apenas para aqueles que participam (ou participavam, já que há dois dias atrás Mayra e Rafa iniciaram a volta para São Paulo) da viagem: estou no acampamento logo após jantar, um chilique Rafael toma conta de mim e começo a buscar anciosamente um papel e uma caneta para escrever o que segue. Quando manifesto essa vontade para o Xuxa, este também é acometido por um chilique Rafael pois tem que me emprestar papel e caneta. Felizmente o primeiro chilique venceu e este post ganhou vida.
Da última vez que escrevi neste blog fiz um relato da nossa experiência no Circuito Grande – Torres del Paine e manifestei minha expectativa de que o relato pudesse ser útil para alguém que quisesse fazer o mesmo. Uma das coisas que mais gosto na internet é a possibilidade dos consumidores de informação se tornarem potenciais produtores. Acho que em grande parte é por isso que trabalho com desenvolvimento de software livre, wiki e afins.
Nessa cadeia sempre me senti mais um produtor de matéria-prima (desenvolvimento das ferramentas que possibilitem que as pessoas produzam por conta própria) do que um produtor de informação pronta para consumo. De alguma forma o post anterior foi minha primeira aventura neste segundo mundo. Hoje ao abrir o e-mail fiquei muito feliz ao ler uma mensagem de um brasileiro chamado Edson que vai fazer o circuito em fevereiro e leu o relato que escrevi.
O ciclo se fechou e a informação produzida atingiu algum lugar, afinal sem isso ela não faz sentido. Senti algo parecido com o que senti quando pessoas interagiram com as minhas primeiras edições na Wikipédia ou quando notei a quantidade de pessoas que já viram o vídeo sobre a viagem de bicicleta. O grande barato da internet é ser apenas mais um meio (muito eficaz para algumas coisas e pouco para outras) de conectar as pessoas.
Enfim, escrevi essa digreção pois me animei em ver uma resposta tão rápida ao post e para dizer que, motivado por isso, na sequência vou postar sobre nossa experiência em El Chaltén no mesmo esquema que escrevi sobre o Torres del Paine.
Neste post pretendo colocar algumas informações sobre a caminhada que fizemos no Parque Nacional Torres del Paine. Espero que possa ser útil. Se alguém algum dia ler isso e utilizar como fonte de informação para planejar sua viagem me avisa por favor (rodrigosprimo em gmail.com) que ficarei feliz 🙂
Comentei por cima os equipamentos mais relevantes que utilizamos e também qual foi o trajeto escolhido. Muitas das opiniões refletem minha experiência de apenas nove dias no parque, aconselho buscar outras fontes de informação. A lista de equipos também não serve como checklist, falta um monte de coisas e tem um monte de checklists bons espalhados pela internet.
O Torres del Paine, localizado na Patagônia Chilena, é um dos principais e mais bonitos parques da América do Sul (e também o mais organizado e com a maior estrutura que já estive). Para minha infelicidade as trilhas são muito bem marcadas (as vezes até demais) o que tornou totalmente inútil o uso da carta topográfica e da bussóla, porém certamente essa é uma preocupação a menos para quem estiver fazendo suas primeiras trilhas. Uma pessoa tem que fazer uma esforço muito grande para se perder no W ou no Circuito (ou então dar o azar de pegar condições climáticas muito ruins, o que não é comum mas acontece). Para maiores informações sobre o parque veja http://es.wikipedia.org/wiki/Torres_del_Paine ou http://www.torresdelpaine.cl/
Optamos por fazer o “Circuito Grande” uma caminhada de 8 a 10 dias contornando as principais atrações da região. Desde o planejamento no Brasil esse era um dos momentos mais esperados da viagem. Nunca caminhamos antes com um mochilão com comida para tantos dias e também não sabíamos o que esperar do clima da região.
No final tudo deu certo, foram oito noites e nove dias de caminhada. A seguir descrevo os equipamentos utilizados e também o roteiro percorrido. Para o nosso planejamento utilizamos principalmente as informações deste site aqui http://www.i-needtoknow.com/paine/
Equipamentos:
Barraca: em alguns acampamentos do parque venta muito (como também em grande parte das trilhas), uma barraca com bons estabilizadores de vento e armação de duralumínio é uma boa idéia. No acampamento Pehoé vimos uma barraca com duas armações de plástico quebrarem por causa do vento. Utilizamos uma Discovery Mountain da Manaslu (a mesma que pretendemos usar no El Plata) e uma Zimba II da Kailash.
Sacos de dormir: em nenhuma noite fez menos do que 0ºC (provavelmente nem chegou a isso, mas não tínhamos termômetros para ter certeza), dormimos tranquilamente todas as noites em sacos de dormir de conforto 0ºC e extremo -15ºC da Trilhas e Rumos.
Isolante térmico: não saia de casa sem ele! Nas últimas noites do circuito sempre emprestávamos alguns casacos para duas chilenas que descobrimos estavam desde o começo da caminhada sem isolante.
Fogareiro: estávamos com dois fogareiros de benzina, um MSR Internationale e um Coleman Dual Fuel 533 (que por sinal parou de funcionar no meio da viagem com menos de um ano de uso). Muita gente estava com fogareiros comuns de cartucho de gás, muito mais baratos e davam conta do recado.
Mochilas: como optamos por carregar toda a comida para o circuito (o que não é necessário, nos acampamentos pagos é possível comprar comida para fazer ou então refeições prontas por um preço não muito mais caro que na cidade) utilizamos mochilas grandes (e ainda assim quase não deu para levar tudo): Harpia 75 + 15 da Conquista, Aircontact Pro 70 + 15 da Deuter, Highlander 50 + 10 da Curtlo e Challenger 85 da Kailash (que vive dando problema no ajusta da barrigueira). Dependendo do roteiro pode ser uma boa idéia trazer uma mochila de ataque. Também é indispensável ter uma capa de chuva para a mochila que consiga cobrir ela com toda a carga e esteja bem presa, cansamos de ver capas de chuva de mochila voando com o vento ou então deixando parte da mochila descoberta.
Botas: estávamos todos com botas impermeáveis (duas Trilogia e uma Zodiac, ambas da Snake, e uma da Quechua que não lembro o nome). Foi a primeira vez que fiz uma trilha grande com uma bota impermeável e gostei muito da sensação de não sair com os pés molhados das muitas travessias de rios e de alguns poucos pântanos. O único momento que foi realmente importante ter esse tipo de bota foi nos pequenos trechos de camihada no gelo no Vale do Silêncio, que não faz parte do roteiro tradicional do circuito. Havia muita gente fazendo a travessia com botas ou tênis comuns sem maiores problemas.
Bastões de caminhada: outro que entra para a lista dos equipamentos úteis mas não fundamentais. Venta muito em vários lugares do parque (ao ponto de as vezes as pessoas cairem) e nessas situações ter um par de bastões ajuda bastante, além de aliviar o impacto nos joelhos por todo o caminho.
Roupas:
Impermeáveis: durante as caminhadas é frequente em poucos minutos um Sol forte dar lugar para uma chuva as vezes fina, as vezes forte. Utilizamos a calça impermeável da Conquista e os Anoraks da Trilhas e Rumos e da Conquista, além das polaínas da Conquista. Os materiais impermeáveis feitos no Brasil não são muito respiráveis, no final do dia sempre estavam bem molhados por dentro, mas funcionam muito bem. Nunca usei algo como Goretex para ter uma idéia se faz muita diferença, tudo que sei é que são MUITO mais caros.
Segunda pele: bom para dormir e também para caminhar nos dias mais frios. Utilizamos as fabricadas pela Solo.
Fleece: um fleece 100 para caminhar e outro 200 para as noites no acampamento foram suficientes.
Outros: um gorro e pelo menos dois pares de luvas (um par resisente a água ou impermeável) são fundamentais para enfrentar o frio. Meias de coolmax são boas para caminhar e pelo menos uma meia quente para a noite. Sem falar também de camisetas de dryfit (acabei utilizando mais as de manga comprida para me proteger do Sol) e de calças-bermudas de algum tecido que seque rápido (não sei o nome).
Roteiro:
Optamos por fazer o circuito no sentido anti-horário (a opção mais comum) por pegar o lado mais fácil para subir ao Paso John Gardner, iniciamos pela primeira perna do W.
1º dia: De Puerto Natales até o Parque Nacional Torres del Paine são 3 horas de viagem, a passagem custa US$20 ida e volta. Chegamos na portaria Laguna Amarga por volta das 11h e pagamos mais US$2 por um ônibus até a Hostelaria Las Torres. De lá iniciamos a caminhada para o acampamento Torres, um dos campings gratuitos mantidos pelos guarda-parques com banheiro e lugar para cozinhar (sem chuveiro). Monamos as barracas e atacamos o mirador das Torres del Paine.
2º dia: Decidimos ficar mais uma noite no mesmo acampamento para atacar o Vale do Silêncio, fora do caminho tradicional, foi nesse lugar que caminhamos pela primeira vez no gelo e vimos as Torres pelo outro. Com certeza recomendo essa adaptação no roteiro tradicional.
3º dia: Caminhada de cerca de 6 horas até o acampamento Serón. Acampamento pago (US$7, o preço é o mesmo em todos os lugares de camping pagos) com direito ao primeiro banho da viagem.
4º dia: Caminhada tranquila, em grande parte ao lado de um rio e sem muitas subidas, de cerca de 6 horas até o acampamento pago Dickson. Ao chegar fomos recebidos pela maior população de pernilongos por ser humano que já vi na vida (ver a foto para ter uma idéia). Repelentes eram praticamente inúteis, o esquema foi fazer uma barreira física com roupas (em especial as impermeáveis). Havia um casal com telas semelhantes as que usam os apicultores, eles eram os únicos que conseguiam ficar tranquilos fora da barraca. Para compensar esse é um dos lugares de campings mais bonitos, ao lado de um grande rio e com vista para um glaciar.
5º dia: Este foi o dia mais curto da viagem, apenas 4 horas de caminhada até o acampamento pago Los Perros. Para quem tiver pressa pode ser uma boa idéia fazer num único dia do Serón até o Los Perros.
6º dia: Esse é considerado o dia mais difícil da travessia por causa da longa subida e depois longa e incrime descida do Paso John Gardner. São cerca de
Um surto de saudades do Kempo
Um surto de saudades do Kempo
3 horas montanha acima para avistar pela primeira vez o maravilhoso Glaciar Grey. No final do dia chegamos ao acampamento gratuito Paso.
7º dia: Uma caminhada bonita ao lado do Glaciar Grey sem grandes dificuldades até o acampamento pago Pehoé.
8º dia: Nesse dia fizemos uma caminhada curta de 2 horas até o acampamento gratuito Italiano, armamos as barracas e atacamos a trilha pelo Vale Francês. No final há um mirador de onde pode ser ver um cinturão de quase 360º de montanhas das mais diferentes formas, tamanhos e cores.
9º dia: 6 horas de caminhada até a Hostelaria Las Torres de onde pegamos um ônibus para Laguna Amarga e de lá de volta para Puerto Natales.