A viagem pela Europa começou em grande estilo. Vim para Londres para participar de um encontro da comunidade do Tikiwiki, o GSOC TikiFest, para discutir os projetos do Google Summer of Code (em breve vou escrever um post relatando como foi o encontro e a apresentação do meu projeto).
Antes de sair de São Paulo, graças a ajuda de um amigo da Bicicletada consegui um lugar para ficar durante meus dias em Londres, a casa da irmã dele. Quando desci no aeroporto pensava que para esses dias serem perfeitos só faltava eu arranjar uma bicicleta para me locomover pela cidade. O transporte público funciona muito bem, metro e ônibus para todos os lados. Mas também é muito caro, pelo menos da ótica de alguém que ganha em reais. Se não conseguisse a bicicleta, meu plano era caminhar os cinco quilometros que separam a casa onde fiquei do local do encontro.
A viagem de São Paulo para Londres correu bem. Meu lugar era na janela, estava louco para ver o oceano de dentro do avião, porém quando começamos a sobrevoar o mar já era noite (não sei porque estava com essa idéia na cabeça de que o avião sairia de São Paulo direto para o oceano, quando na verdade ele sobrevoa o continente até o extremo norte do nordeste brasileiro). Assisti a Era do Gelo e conversei bastante com um cara de Natal e uma senhora de Buenos Aires. Eles ocupavam dois assentos e meio e eu tinha que me virar com a metade de um assento que sobrava 🙂
Vooei com a British Airways, quando fiz o checkin online solicitei refeições vegetarianas e tudo funcionou bem. Tanto na janta, como no café da manhã, eu recebi uma refeição especial. Fiquei feliz por eles terem estrutura para atender esse tipo de demanda. Não sei como funciona com outras companhias. Será que todas são amigáveis com os vegetarianos?
Chegando em Londres minha grande preocupação era com a imigração, não me animava nenhum pouco a idéia de chegar lá e ser mandado de volta para o Brasil no próximo avião. Ao mesmo tempo me sentia o imigrante ilegal perfeito. Não tenho propriedades no Brasil, não sou casado, não estudo e só consigo comprovar mais ou menos um vínculo de trabalho (não tenho CLT). Tinha mais de uma dezena de documentos para mostrar. No fim fui atendido por uma mulher super simpática que perguntou a razão da minha visita, pediu para ver minha passagem de volta para o Brasil e a passagem para a Suécia e nada mais. Grande alívio!
Encontrei com a Ludmila numa estação de metro e fomos para a casa da irmã dela, onde eu fiquei hospedado. Ainda no caminho, no ônibus, ela me perguntou se eu tinha interesse em usar durante meus dias lá uma bicicleta de um amigo que estava encostada há algum tempo. Perfeito! No mesmo dia sai para pedalar pela cidade.
Passei cinco dias em Londres e em todos utilizei a bicicleta. No que diz respeito a locomoção de pessoas, São Paulo tem muito a aprender com Londres. Bicicleta lá é considerado um meio de transporte (ao contrário de São Paulo que ainda teima em ver a bicicleta como lazer). Tem um site legal para planejar rotas de bicicleta: http://www.tfl.gov.uk/roadusers/cycling/11598.aspx
Óbvio que nem tudo é perfeito, nos meus dias por lá cruzei com duas ghost bikes (uma delas é a da foto abaixo) e certamente existem outras. Porém é emocionante ver o respeito dos motoristas, principalmente dos motoristas de ônibus. Em todos os meus dias não levei uma fina, nenhuma busina. Os ônibus ou me esperavam até parar no ponto ou então me ultrapassavem mudando completamente para a faixa ao lado.
Ao contrário de São Paulo, que continua investindo na lógica do transporte individual como fica claro na recente iniciativa da Kassab e Serra de proibir a circulação de ônibus fretado no centro da cidade e de derrubar árvores para ampliar pistas na marginal, em Londres existe uma clara política pública em favor do transporte coletivo e alternativo. Automóveis particulares tem que pagar para circular no centro, existem ciclovias e bicicletários para todos os lados (e cada vez mais também ladrões de bicicleta), os pontos de ônibus tem informação sobre o itinerário e os horários das linhas que passam por ali.
Todas são coisas relativamente simples de fazer (nenhuma delas demanda uma intervenção tão drástica na estrutura urbana com demanda por exemplo a ampliação da marginal) e podem melhorar muito o fluxo de pessoas em São Paulo.
Ps: nos seis dias que passei em Londres ouvi buzina de carro apenas duas vezes (literalmente). Interessante. Não que Londres seja o paraíso, as duas vezes que ouvi buzina de carro foram em situações típicas de stress no trânsito. Na primeira um motorista de carro buzinou para pedestres: “saiam da frente se não eu passo por cima”. E na segunda um carro reclamou com o outro. Mas de qualquer forma é curioso pensar porque será que em São Paulo tem tanto barulho de buzina.
E ae! Muito loko… isso sempre me faz pensar como a opinião pública só espelha as políticas européias que convêm!! Fico puto!
Abraços! E mande notícias da Suécia…
Eba, Rô!
Gostoso ler seu relato! Tenho mó vontade de conhecer Londres e até hoje não me conformo de ter perdido meu vôo para lá 🙁
Que bom que arrumou uma bike e está dando tudo certo!
Continua mandando notícias!
Beijos
PS: Quando voei AirFrance/KLM também pedi refeição vegetariana!
Voce está escrevendo muito bem. Fica agradavel ler o que você escreve.Antevejo o nascer de um escritor. Continue. Abraços e beijos do vô Cesidio e da vó Eunice.
Oi Ro!
Adorei ler seu blog!
Continue postando coisas!
Quando fui para Londres fiquei dois ou três dias somente e com uma caravana de turistas =(
De modo que não tive estas percepções da cidade.
Gostei de saber =)
Bjos e aproveite muito!
Oi Rodrigo!
Muito agradável ler seu texto!
Também adoro Londres, mas agora faz muitos anos que não a visita.
Continue lutando por um São Paulo mais amigável para pedestres e biciletas, é muito importante!
Estou esperando por mais noticias da Suécia!
Estou achando muito legal voce encontrar com o Erik depois tanto tempo, espero que da para voce visitar Ryr em Dalsland tb juntos!
Bjs, Lena
Querido Rô estamos acompanhando sua viagem. Vovô ficou contente em saber dos detalhes. Pediu para dizer que estamos todos juntos, com reforma na casa e esperando seu retorno. Mandou um grande abraço!
Saudades!
Rodrigo,
Muito legal seu relato! Esclarecendo uns pontos. Se avisadas previamente, todas as companhias tem refeições especiais.
E quando a pedalar em Londres, deve ser mesmo um prazer. A presença de bicicletas por aí certamente já fez virar a massa crítica e cada vez mais as magrelas são parte da paisagem.
Estive na cidade nos anos 90 e me informaram que existem multas pesadas para quem buzina desnecessariamente. Pelo que a guia contou, é rarissimo mesmo de ouvir buzinas.
abs
Fala Rodrigão!
Altas aventuras hein?
Viajar em meio banco é tenso hein?
Legal esse respeito dos motoristas de ônibus com os ciclistas, será que São Paulo será assim um dia?
Aproveite a viagem!
Abraços
Fala Rodrigo…
Legal ouvir suas impressões daí, elas são de alguém que tem uma base para comparações terrível, São Paulo, hahaha…Traga histórias e idéias, precisamos.
Abraço
Márcio Campos